Há muito tempo, talvez em função da forma obtusa e truculenta como vê o mundo, a extrema-direita era conhecida nos meios mais esclarecidos pela referência geral de ‘direita-burra’.
Como não queriam ser taxados de ‘burros’, alguns conservadores e reacionários (que se julgavam inteligentes) faziam questão de deixar claro que não pertenciam a extrema-direita.
Me parece que foi este o propósito do discurso de fim-de-ano do general Hamilton Mourão, no qual [ele] condenou a atitude de Bolsonaro e reconheceu a posse de um novo governo. Acho que, naquele momento, achando não haver alternativa para a extrema-direita (que terminará por aderir à sua liderança), o general Mourão se apresentou como um comandante da ‘direita civilizada’.
O general Mourão vai ter muito trabalho, pois, a julgar pela dificuldade de conviver com diferentes e pelos métodos, não vai ser fácil reunir aquele pessoal sob o teto da ‘direita civilizada’.
Imagine que, agora, já diante do governo Lula instalado e funcionando, ao invés de procurar formular um discurso político de oposição consistente, a direita-burra continua a usar fakenews para assustar as pessoas e dizer-se a única opção confiável.
Ridículo.
Mas, aquela gente não muda. Sem coisa melhor para falar, por exemplo, comentando a posse de Lula, o senador Flávio e o deputado Eduardo – que, gozarem de imunidade parlamentar, são os únicos da família Bolsonaro sem o risco imediato de serem presos – voltaram com a tese da ‘festa vermelha de esquerdistas, sem a presença do verde-amarelo nacional’.
Que mentira, meu Deus! Eu estive na posse e vi a presença abundante do verde-amarelo, a começar pela pintura do monumental palco do ‘Festival do Futuro’ erguido diante do Congresso Nacional. Pessoas tremulando e envolvidas na bandeira nacional, cantando o hino nacional aos prantos, uma grande festa de civilidade.
Ao insistir nos métodos reprováveis de sempre, a extrema-direita dá razão àqueles que se referem à direita (todo o espectro conservador) como ‘direita-burra’.