No auge da guerra fria, em tempos embalados pela vontade soberana da Casa Branca, tomei conhecimento de expressões esquisitas, como ‘lavagem cerebral’ (e, mais tarde, ‘síndrome de Estocolmo’) – usadas, normalmente, para explicar o comportamento das pessoas que, de uma forma ou de outra, tinham tomado consciência daquilo que, de fato, ocorria pelo mundo. Naquela época, como eu próprio estava ‘acordado’ para as coisas e, ao meu modo, estava na contracorrente, não acreditava na tal ‘lavagem cerebral’. Pois bem. O tempo passou e, agora, me vejo diante de uma situação só explicada por algum tipo de ‘lavagem cerebral’. Vejo pessoas aparentemente normais – inteligentes, bem educadas e em sanidade mental – aceitarem e passarem a defender de forma arraigada os maiores absurdos. Falo, claro, da relação de completa submissão intelectual e, mesmo, de subserviência que, surpreendentemente, muito prestam à figura de Jair Bolsonaro (não me refiro à turma do Capetão, que situa-se no patamar dos aproveitadores e manipuladores). O que terá acontecido com estas pessoas que, de profundo respeito a Lula (que terminou seu governo com 87% de aprovação) passou a odiá-lo e, ao mesmo tempo, de paradigma civilizado passou a cultuar o ’Jeito Bolsonaro’ de ser, marcado pelo linguajar chulo, falta de modos, comportamento cruel com doentes e pobres, desrespeito à lei e às pessoas, grosseria, arrogância, oligofrenia, uso da mentira e do embuste como método de trabalho. O que terá acontecido para inverter a cabeça destas pessoas? Acho que, em breve, estas pessoas vão acordar e ‘morrer de vergonha’ dos sins e das tolices que dizem hoje.
Autor: Alexandre Santos
Alexandre Santos é engenheiro e escritor. Preside a Associação Brasileira de Engenheiros Escritores, presidiu o Clube de Engenharia de Pernambuco e a União Brasileira de Escritores e faz a coordenação nacional da Câmara Brasileira de Desenvolvimento Cultural. Autor premiado com livros publicados no Brasil e no exterior, Alexandre é o editor geral do semanário cultural ‘A voz do escritor’ e diretor-geral do canal ‘Arte Agora’.