Se alguém ainda tinha alguma dúvida sobre a índole imperial e pretensões golpistas do Capetão Bolsonaro, ontem, ao afrontar o Supremo Tribunal Federal numa questão que envolve a defesa da Democracia e das instituições, ele próprio se encarregou de dirimi-la [a dúvida]. De fato, a iniciativa de conceder o chamado ‘perdão presidencial’ ao deputado-facínora-meliante Daniel Silveira – que horas antes havia sido condenado pelo STF por 10 votos (incluindo o voto do ministro André Mendonça, por ele indicado) a um voto (exatamente o voto do ministro Kássio Nunes Marques, igualmente por ele indicado) – revela a simpatia do presidente Bolsonaro pelas atitudes antidemocráticas que sempre marcaram o comportamento do réu, [revela] o seu descaso com a corte suprema do País (que, juntamente com o Legislativo e o Executivo, integra o tripé de sustentação da República) e, ao conceder a graça antes dos ritos finais da decisão condenatória, [revela] o seu desconhecimento da Lei. Na realidade, com o gesto, Bolsonaro agiu como um ditador qualquer, mandando, além da mensagem de ‘quem manda aqui sou eu’, o alerta daquilo que a sociedade brasileira vai precisar enfrentar para tirá-lo do Planalto. O Quadrúpede é um ser perigoso e todo cuidado com ele é pouco.
Autor: Alexandre Santos
Alexandre Santos é engenheiro e escritor. Preside a Associação Brasileira de Engenheiros Escritores, presidiu o Clube de Engenharia de Pernambuco e a União Brasileira de Escritores e faz a coordenação nacional da Câmara Brasileira de Desenvolvimento Cultural. Autor premiado com livros publicados no Brasil e no exterior, Alexandre é o editor geral do semanário cultural ‘A voz do escritor’ e diretor-geral do canal ‘Arte Agora’.