Em Londres, numa cela escura da Polícia Metropolitana, privado de liberdade há quase uma década, Julien Assange luta com todas suas forças para evitar a deportação para os Estados Unidos, que o quer condenado à prisão perpétua por ter descoberto e divulgado informações sobre perversas ilegalidades cometidas pelo Tio Sam por todo o Planeta.
Excetuando a Casa Branca e seus capachos, todos querem a liberdade de Julien Assange, pois, independentemente dos aspectos legais envolvidos, aquilo que ele fez foi certo e foi justo.
Pois bem.
O Brasil tem o seu Julien Assange.
Chama-se Walter Delgatti Neto, que, com seu talento pouco recomendável e provando que ‘Deus escreve certo por linhas tortas’, deu os impulsos decisivos para soltar Lula (restituindo-lhe a elegibilidade e possibilitando seu retorno ao Palácio do Planalto) e, agora, forneceu os subsídios que faltavam para ligar Jair Bolsonaro ao Oito de Janeiro e levá-lo à cadeia.
De fato, ao invés de premia-lo (como também deviam ter feito com Assange), aplicando a letra fria da Lei (que, todos sabem, não busca justiça mas, sim exercer controle social), o Poder Judiciário o condena.
Com efeito, na 2ª feira, dia 21/08/2023, como se quisesse jogar um balde de água fria no depoimento-bomba por ele prestado na CPMI do Oito de Janeiro e sem considerar os seus bons serviços à Democracia, o juiz substituto Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal Criminal, condenou Walter Delgatti Neto a 20 anos e um mês de prisão em regime fechado ‘por crimes apurados no âmbito da operação Spoofing’.
Aliás, embora evoquem a ‘liberdade de expressão’ com fervor para justificar seus próprios discursos, qualquer bolsonarista ergueu a voz para defender o direito de expressão de Delgatti.
De qualquer forma, os legalistas que perdoem, mas qual mal Delgatti cometeu na ocasião? Provar que a LavaJato era uma operação espúria, impulsionada por estímulos lesa-pátrias e liderada por canalhas? Desmascarar Sérgio Moro e sua gangue? Oferecer elementos para a anulação da injusta condenação e restabelecimento da elegibilidade de Lula?
O fato concreto é que, mesmo agindo ao arrepio da Lei, naquele caso, Walter Delgatti promoveu um grande bem ao Brasil.
Não foi sem razão que o senador Renan Calheiros apresentou projeto de Decreto Legislativo, concedendo-lhe anistia. ‘Concede, nos termos do art. 21, XVII, da Constituição Federal, anistia às pessoas denunciadas no âmbito da denominada Operação Spoofing, por revelarem perseguições políticas e desvios funcionais em série praticados por membros da magistratura e do Ministério Público Federal’. Diz o caput do DL que propõe o perdão.
Que o Congresso Nacional repare a injustiça promovida pelo Poder Judiciário e conceda a anistia proposta a Walter Delgatti Neto.
Liberdade para Delgatti!!!
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