O lugar do líder é junto aos seus liderados. Não se concebe situação na qual o líder permaneça distante daqueles que o seguem.
Quando, eventualmente isso ocorre, se não houver razão superveniente, fica nítida a artificialidade da liderança atribuída àquele que se dizia (ou que o diziam) líder.
Em resumo: o líder tem responsabilidades (entre as quais a definição de prioridades e de caminhos a seguir) que são indelegáveis e, portanto, [o líder] não pode fugir da luta.
Alguns podem imaginar que, pensando na vergonhosa fuga para Miami feita por Jair Bolsonaro na véspera da posse de Lula, estas palavras se refiram a ele [a Jair Bolsonaro] – personalidade que, diga-se de passagem, na prática, jamais assumiu a condição de líder do Brasil ou, mesmo, da facção de suporte às suas condutas (na realidade, ainda não se sabe quem é o líder da extrema-direita no Brasil).
Não é a Bolsonaro que o texto se refere e, sim ao presidente Alberto Fernández, que, em recente entrevista ao jornal El País, anunciou a disposição de deixar a Argentina após transferir o mandato para Javier Milei.
Com efeito, como se fosse um funcionário público qualquer, Alberto Fernández informou ter recebido propostas para dar aulas na Espanha e avalia a possibilidade, acrescentando que, segundo o seu entendimento, “não há problema em se distanciar (do país)”.
Claro que há problemas, cara.
Ou, pelo simples fato de ter perdido uma eleição cuja pertinência vigora apenas pelos próximos quatro anos, a liderança justicialista pensa em renunciar aos seus propósitos e entregar a Argentina ao maluco Milei e sua gangue?
Se pensar assim, fica claro que Alberto Fernandez nunca esteve à altura do cargo que ocupou. Naturalmente, assim como na arte, em politica, a distância não é um medida física e, desde que esteja ‘próximo’ do seu povo, o líder pode atuar em localidade geográfica diferente.
Eventualmente – por razões de segurança ou políticas, por exemplo -, o líder precisa se ausentar da sua terra. Isto, no entanto, não o exime das responsabilidades políticas para com seus liderados.
Assim como aconteceu no Brasil entre 2019 e 2022, onde a liderança humanista manteve a bandeira e recobrou o poder, os líderes justicialistas precisam manter-se na peleja, caso contrário a extrema-direita vai se eternizar no comando da Argentina, levando-a ao caos do mais profundo dos abismos.
Alberto Fernandez têm responsabilidades e delas não pode fugir.
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