Embora algumas guerras ocorram em função da birra que separa os ‘inimigos naturais’ – um tipo de conflito assemelhado aos crimes passionais e, nesta perspectiva, incluso no campo das irracionalidades e, portanto, fora dos padrões normais -, a maioria delas [das guerras] são expressões extremas do desespero, arrogância ou intolerância e, claro, não deveriam existir.
As chamadas guerras de conquista (inclusive aquelas de matiz religiosa ou ideológica) decorrem da Ambição, filha bastarda do Egoísmo – uma postura condenável, que, no mundo dos Deuses, é considerada um grave distúrbio de comportamento ou uma falha genética própria de seres defeituosos e descaminhados.
De sua parte, as guerras de sobrevivência eventualmente imperiosas em função das carências que se instalam quando as relações entre os homens e as comunidades não são moduladas pela Solidariedade – o sentimento básico do mundo dos deuses, responsável pela universalização da preocupação de todos com a realização do Bem-estar comum, levando as pessoas a partilhar bens em excesso com os necessitados.
Mas, a birra, o Egoísmo e a falta de Solidariedade grassam por aí e, na sua esteira, vêm os conflitos e as guerras.
Não é outra a razão, por exemplo, da guerra desequilibrada e assimétrica levada adiante pelo governo de Benjamim Netanyahu nos pequenos territórios que confinam a indefesa população palestina.
Se, a exemplo de Israel, a Palestina tivesse um território capaz de abrigar o seu povo e os seus sonhos, haveria menos motivos para a guerra e a carnificina que o mundo vê na Faixa de Gaza.
Por esses dias, como se tivesse feito grande coisa, o governo de Benjamim Netanyahu anunciou que, sem renunciar ao ferro e ao fogo prometidos aos palestinos, em troca da libertação de 50 reféns pelo grupo islâmico Hamas, além de uma pausa temporária nos ataques e nas prisões em Gaza e permissão para a livre circulação pela rua Salah al-Din (principal estrada usada pelos palestinos para fuga em direção ao norte do território), libertará 150 mulheres e adolescentes detidos em Israel pelo ‘crime’ de ser palestino.
Da mesma forma que, em 1947, interviu para garantir um território aos israelenses, a Comunidade Internacional deve intervir agora, não só para conter a carnificina levada adiante pelas Forças de Segurança de Israel, mas, também, para garantir um território compatível com a dimensão histórica do povo palestino.
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