No sábado, dia 07 de outubro de 2023, em ação nitidamente terrorista fruto de uma situação que perdura desde sempre, o grupo islâmico Hamas aproveitou uma grande falha de informação das Forças de Defesa de Israel e perpetrou o brutal ataque que provocou a morte de quase 800 israelenses. De imediato, talvez vendo uma chance de recobrar prestígio e conseguir alguma sobrevida política, o governo de Benjamin Netanyahu deu início a uma violenta reação, declarando guerra ao grupo agressor. Acontece que, na inexistência de base territorial definida, o Hamas se abriga na Faixa de Gaza por entre a população palestina espremida num exíguo território com 41 km de comprimento e 10 km de largura entre Israel, Egito e o Mar Mediterrâneo. Aí, numa cruel operação militar que não faz distinção entre a população civil de Gaza e os guerreiros do Hamas, Israel bloqueou os acessos de Gaza, suspendeu o abastecimento de água, de alimentos, de remédios, de energia e danou-se a despejar bombas sobre as cabeças das 2,3 milhões de ali pessoas confinadas, incluindo velhos, mulheres e crianças, produzindo um tétrico resultado (o balanço divulgado no começo desta tarde, 16/10/2023, já apontava a morte de 2.750 pessoas em Gaza). Para se ter ideia da carnificina desumana que o governo de Israel vem praticando na Faixa de Gaza – uma área equivalente a 1/3 do território da cidade de São Paulo e população similar ao da cidade do Rio de Janeiro -, imagine se, para dizimar as milícias criminosas, o governo carioca resolvesse bombardear a cidade como um todo. Foi assim que a operação LavaJato fez para combater um núcleo corrupto que atuava na Engenharia brasileira e terminou dizimando todo o setor. É isto que o governo israelense parece estar fazendo: para combater carrapatos, vão abater todo o rebanho.
Marcações: Hamas. LavaJato
Autor: Alexandre Santos
Alexandre Santos é engenheiro e escritor. Preside o Clube de Engenharia de Pernambuco e a Associação Brasileira de Engenheiros Escritores, presidiu a União Brasileira de Escritores e faz a coordenação nacional da Câmara Brasileira de Desenvolvimento Cultural. Autor premiado com livros publicados no Brasil e no exterior, Alexandre é o editor geral do semanário cultural ‘A voz do escritor’ e diretor-geral do canal ‘Arte Agora’.