Rever pontos de vista e, eventualmente, reformular projetos são comportamentos próprios dos grandes líderes.
Quando, em 2013, se curvando a pressão popular, voltou atrás e decidiu não mais construir os viadutos planejados para a Avenida Agamenom Magalhães, o governador Eduardo Campos cresceu ainda mais como grande líder e estadista.
Paulo Câmara, que fazia parte da equipe de Eduardo, acompanhou aquele processo e foi testemunha daquele gesto de grandeza. Quis o destino que, quase uma década mais tarde, ele vivesse situação semelhante. De fato, nos dias correntes, na condição de governador, Paulo Câmara tem a chance de sustar o esquartejamento da área do Espaço Ciência, no Parque Memorial Arcoverde, no Complexo de Salgadinho, em Olinda, proposto pela sua equipe para atender negócio com a empresa norte-americana Seaborn.
A hipótese de ver o Espaço Ciência perder uma área indispensável para as suas atividades indignou a comunidade acadêmica e científica de Pernambuco, que vem manifestando seu descontentamento através de notas e atos públicos.
Os professores e cientistas não estão contra “a instalação de um data center para processamento de dados com computadores de última geração e a construção de um landing station para receber cabos submarinos”, anunciados pela assessoria do governador.
Mas, será que, para impulsionar a atividade do setor, é necessário destruir a formulação original do Espaço Ciência?
Será que a assessoria do governador não consegue pensar em alternativa capaz de garantir o negócio e, ao mesmo tempo, preservar este equipamento tão caro aos pensadores, professores e cientistas pernambucanos?
Confiando na força do bom senso, acreditamos que, justificando os méritos que o fizeram governador e destacado membro da equipe de transição do futuro governo federal, Paulo Câmara vai mandar rever a Lei 17.940 de modo a que a área onde funciona o Espaço Ciência não seja violada e possa continuar as suas atividades nos enchendo de orgulho.
Não há porque insistir em esquartejar o Espaço Ciência.