Vocês já viram a barriga de um fazendeiro? É enorme.
Ela reflete a fatura e a prosperidade do agronegócio – um setor que, segundo estudos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), cresceu 8,36% em 2021 e participou com 27,4% dos R$ 8,7 trilhões do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
O sorriso do pessoal do agronegócio traduz o orgulho do presidente Jair Bolsonaro, que outro dia – em discurso na Cúpula das Américas, em Los Angeles, no EUA – disse que “o Brasil garante a segurança alimentar de um sexto da população mundial, alimentando 1 bilhão de pessoas no mundo”.
Bolsonaro quis dizer que, ocupando a terceira posição entre os países exportadores de alimentos (atrás apenas dos EUA e da União Europeia), o Brasil é responsável por 5,7% do mercado mundial de alimentos, sendo campeão da exportação de Soja, Café, Milho, Carne de frango e de boi, Frutas, Açúcares e melaços.
O orgulho do presidente tem razão de ser, o Brasil é o maior produtor mundial de soja, com 135,409 milhões de toneladas, possui uma população bovina de 218,2 milhões de cabeças (maior do que a população humana), população suína de 40,6 milhões de porcos, além de ter expressiva produção agrícola dos outros gêneros, incluindo ovinos, caprinos, bufalino, aves, pescados, etc.
Mas, infelizmente, neste jardim de fartura e de sorrisos (inclusive do presidente Jair Bolsonaro), nem tudo é flor. Pelo contrário.
Desmoralizando a importância política que a gigantesca exportação de alimentos poderia representar (só em março deste ano, o agronegócio brasileiro exportou 169,41 mil toneladas de carne bovina), estudos apontam que 36% da população brasileira encontra-se em situação de insegurança alimentar grave.
Sem qualquer providência concreta do governo Bolsonaro para mudar a situação, a fome avança no Brasil e já atinge 33,1 milhões de pessoas, contingente que representa 15,5% da população brasileira.
Num país que se gaba de ‘alimentar o mundo’, haver pessoas dependendo de restos para sobreviver é uma vergonha.
Infelizmente, o governo parece não se preocupar com a presença do País no chamado mapa da fome, preferindo comemorar o sucesso e a prosperidade do agronegócio e o fato de alimentar 1 bilhão de ricos espalhados pelo mundo.