Junto com o glamour e benesses associadas aos cargos está uma carga de responsabilidade, que, naturalmente, pesa sobre o chefe. Aliás, em correspondência a esta condição, surgiram teses importantes, inclusive aquela que fala da ‘presunção do pleno conhecimento’. Esta é a razão de ‘o chefe’ ser responsabilizado pelos resultados das ações.
Não é sem razão que, sem qualquer estudo, as pessoas dizerem que Putin é o culpado por todas as perversidades ocorridas na guerra do Leste Europeu; que os generais são os culpados pelas derrotas dos seus exércitos; que os técnicos são culpados e devem ser demitidos pelos insucessos dos times de futebol.
Em corruptela desta abordagem (muito festejada pelos golpistas, diga-se de passagem), a LavaJato acusou presidentes de empresas e até ministros pelos crimes ocorridos na administração, pouco importando o escalão faltoso, e o PowerPoint de Dallagnol atribuiu ao presidente Lula a culpa de todas as coisas erradas acontecidas no País.
Pois bem. Por não ter a consciência da importância do cargo que ocupa, muito menos das responsabilidades que lhes são inerentes, o presidente Jair Bolsonaro não se sente afetado por qualquer das mazelas ocorridas no País durante a sua administração. Esta irresponsabilidade funcional explica, por exemplo, a forma como Jair Bolsonaro, parecendo não ser o presidente da república, aponta culpados para as desditas. “Aquele pessoal não tem visão de futuro”, foi o inacreditável comentário feito pelo presidente Bolsonaro sobre os miseráveis que perderam a vida com a destruição dos seus casebres pelas tormentas de Petrópolis. Frases igualmente irresponsáveis foram usadas pelo presidente para se esquivar da responsabilidades pelas mortes causadas pela pandemia. Sobre o crescimento do preço dos combustíveis, Bolsonaro sempre teve um culpado na ponta da língua e, quando lhe faltou resposta, disse que iria privatizar a Petrobrás para ‘se livrar do problema’. Se, no começo da gestão, se livrava de perguntas inconvenientes sobre economia com um ‘isto é com Paulo Guedes’, com o andar da carruagem, passou a inventar culpados. A seca, a pandemia, o PT, a guerra da Ucrânia, os ‘traidores do governo’, os vermelhos. A lista de culpados usada pelo presidente Bolsonaro é grande.
Quando é que ele vai assumir suas responsabilidades? Quando Bolsonaro vai começar a ser presidente do País? O fato é que Jair Messias Bolsonaro nunca se preparou para ser chefe de qualquer coisa.