John dependia do dinheiro que receberia de Nicolai para pagar a Vicenzo, que dependia deste dinheiro para pagar Luccas, que dependia deste dinheiro para pagar a Matteo, que dependia deste dinheiro para pagar a Adrian, que, um dia, talvez sem saber que fazia parte de uma longa e intricada cadeia de interesses, por estar com raiva de Nikolai, insuflou um grande sufoco comercial para prejudicá-lo.
Resultado: sem dinheiro, Nikolai deixou de pagar a John, que deixou de pagar a Vicenzo, que deixou de pagar a Luccas, que deixou de pagar a Matteo, que deixou de pagar a Adrian e, em meio a uma crise geral, todos faliram.
Quando observo o embargo decretado à Rússia pelos EUA e seus aliados, eu lembro do boicote feito por Adrian à Nikolai.
Neste fim de semana, sufocada por sanções que alcançam até as reservas mantidas no estrangeiro, pela primeira vez desde 1918, a Rússia deixou de pagar aos credores.
Imagino a amplitude das consequências do efeito dominó decorrente do calote russo – quantos bancos deixaram de honrar investidores por não terem recebido valores de devedores credores da Rússia?
Neste caso, o Kremlin negou que esteja sem dinheiro e se refere a moratória como uma ‘inadimplência artificial’ – uma forma de contrapressionar os EUA e seus aliados pelo fim do embargo.
Seja como for, os líderes mundiais precisam entender que os rumos tomados pela guerra no leste europeu não interessam a ninguém e, mais ainda, que qualquer atitude funciona como uma espécie de bumerangue e, mais cedo ou mais tarde, termina por atingir quem o arremessou.