Ao contrário daquilo que pensa o presidente Jair Bolsonaro, as Forças Armadas não são um instrumento auxiliar da política interna de um país (para, por exemplo, exercer pressão sobre o Congresso Nacional ou sobre o Supremo Tribunal). As Forças Armadas são um instrumento da diplomacia. Por isso, costuma-se que ‘a guerra é o último recurso da diplomacia’. Assim, embora seja detestável (especialmente porque espalha dor e sofrimento nos inocentes), em alguns casos, a guerra tem justificativas e são, mesmo, necessárias. Não aquela que Jair Bolsonaro queria decretar contra a Venezuela, cuja motivação era apenas sua discordância pessoal com as preferências políticas do presidente Nicolas Maduro. A guerra movida pela Rússia contra a Ucrânia, no entanto, tem razões claras e objetivas. Observe que, apesar da intensa movimentação militar, o governo de Moscou vem agindo intensamente na arena diplomática para conter as ameaças feitas pelos EUA ao país. Basicamente, os russos querem que a lindeira Ucrânia não se converta numa ponta de lança da OTAN (que recebe comando de Washington) e, numa fase mais adiantada), que os EUA retirem suas armas nucleares da Europa. Naturalmente, da mesma forma que a guerra é instrumento da diplomacia, o controle da informação também o é. Assim, neste mar de desinformação e de deformação da informação, a humanidade vai navegando nos primeiros momentos de um conflito que, caso o bom senso não prevaleça, pode descambar para uma guerra mundial.
Autor: Alexandre Santos
Alexandre Santos é engenheiro e escritor. Preside a Associação Brasileira de Engenheiros Escritores, presidiu o Clube de Engenharia de Pernambuco e a União Brasileira de Escritores e faz a coordenação nacional da Câmara Brasileira de Desenvolvimento Cultural. Autor premiado com livros publicados no Brasil e no exterior, Alexandre é o editor geral do semanário cultural ‘A voz do escritor’ e diretor-geral do canal ‘Arte Agora’.