Um povo precisa ter orgulho da sua terra, da sua gente, das suas coisas.
No Brasil, ao contrário daquilo que ocorre em Pernambuco (onde, através de palavras, gestos e pensamentos, espontaneamente, as pessoas demonstram imenso ‘orgulho de serem pernambucanas’), apesar de amarem o país, as pessoas parecem esperar por um ‘emprrãozinho’ para se dizerem felizes por serem brasileiras.
Isto é muito ruim, não só porque dá margem a manipulações espúrias do sentimento pátrio (como a tentativa de apropriação dos símbolos nacionais pela extrema direita e por outros grupos aproveitadores), como, também, arrefece a resistência da população aos golpes contra o País (como acontece agora, quando, por falta de patriotismo efetivo, os brasileiros não estão nas ruas para protestar contra a dilapidação do patrimônio público e exigir a imediata suspensão do programa de desestatização levado adiante pelo governo Bolsonaro).
Naturalmente, disparar a fagulha e manter o amor pelo país são atitudes que transcendem governos e que exigem cuidados para evitar sua degeneração em xenofobia e outras formas de preconceito.
De qualquer forma, fazendo a sua parte neste processo, sem ceder à tentação de tentar se apropriar indevidamente do sentimento patriótico ou limitar a ação ao período das copas do mundo, o governo não pode deixar passar momentos importantes da história do País para alimentar o amor das pessoas pelo país, como fizeram o presidente FHC – que, no ano 2.000, alegando dificuldades financeiras, restringiu as comemorações dos 500 do ‘descobrimento’ a ações ridículas – e a presidente Dilma Rousseff – cujo governo, acossado pelo movimento golpista em 2015, ficou impedido de comemorar os 200 anos da passagem do 16 de dezembro de 1815, quando, pela elevação à condição de reino unido com Portugal e Algarves, embora ainda submetido ao mesmo monarca, o Brasil ficou independente de Portugal.
Pois bem. Em 07 de setembro de 2022 terão passado 200 anos desde a criação do Império do Brasil, quando o país deixou de ser subordinado ao rei de Portugal e de Algarves e se tornou ‘independente’. Uma ‘data redonda’ que, como forma de estimular o amor ao Brasil, precisa ser muito comemorada.
Será um momento próprio atiçar a brasilidade através de discussões da História, realização de concursos artísticos, festivais culturais, exposições, paradas, seminários sobre o significado da ‘independência’ e tudo o mais capaz de aumentar o conhecimento do País e da responsabilidade de cada um com o bem estar de todos.
Pessoalmente, não acredito que Jair Bolsonaro – que jamais demonstrou ter consciência de ser chefe de Estado – perceba a importância do patriotismo, do verdadeiro patriotismo.
Uma coisa é certa: se tentar se apropriar das eventuais comemorações para benefício próprio, ao invés de patriotismo, o governo vai contribuir para aumentar a fratura social já existente e, ainda, por tentar identificar-se com símbolos nacionais (e vice-versa), vai despertar uma espécie de ódio a eles [aos símbolos nacionais] (um sentimento que, vale dizer, na realidade, se dirige não aos símbolos e, sim àqueles que os usurparam).
Para aumentar a sua contribuição ao crescimento econômico e desenvolvimento social, o Povo brasileiro precisa elevar seu nível de patriotismo de modo a não aceitar comportamentos anti-patrióticos e anti-nacionais como estes que vem sendo apresentados pelo governo Bolsonaro.