Governar uma coletividade requer algumas vontades, sentimentos, posturas e habilidades.
A vontade básica é ‘querer governar para a coletividade’ (e, não para uma minoria integrante da coletividade). Entre os sentimentos indispensáveis ao governante está a Empatia, entendida como a capacidade da pessoa imaginar aquilo que as outras [pessoas] sentem. Entre as posturas (e são muitas), o governante deve demonstrar ser confiável. A habilidade do governante é a sua aptidão para definir objetivos de médio e longo prazos, avaliar oportunidades, ameaças, estabelecer parcerias e tudo o mais com vistas a conquista de melhorias para a coletividade.
Infelizmente, o presidente Jair Bolsonaro não apresenta qualquer destes atributos. Talvez sequer saiba que eles [aqueles atributos] existem.
Na realidade, do ponto de vista de Bolsonaro, aquelas preocupações são completamente irrelevantes. Afinal de contas, além de não inspirar qualquer confiança naqueles que conhecem o seu desapreço pela verdade, ele jamais se propôs a governar a coletividade do Povo brasileiro.
Ficaram célebres frases do presidente Bolsonaro desdenhando a cidadania dos ‘vermelhos’ (que deveriam ir para Cuba ou para a Venezuela) ou [a cidadania] dos nordestinos (que deveriam dirigir seus pleitos ‘para Curitiba’, numa alusão ao presidente Lula). De fato, em rígido cumprimento aos modelos liberais, embora diga querer reduzir o tamanho do Estado, a administração Bolsonaro coloca o governo a serviço dos ricos, comemorando por exemplo os excelentes resultados comerciais do agro-negócio (“O Brasil é o celeiro do mundo”, sorri o presidente) e desdenhando completamente a fome que afeta 33 milhões de miseráveis.
Jair Bolsonaro não tem perfil para exercer o cargo de presidente da república, chegou ao Palácio do Planalto por um acidente histórico e, se tudo ocorrer como os brasileiros desejam, estará fora do poder no dia 1º de janeiro de 2023.