Com o passar do tempo, o Brasil adquiriu a merecida fama de ser um país campeão no quesito vacinação. Especialmente com a criação e fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), passaram a ser frequentes as campanhas nacionais de vacinação.
E, confiando na medicina do país, os brasileiros entregaram seus braços para as picadas salvadoras. Para acabar com o medo das crianças, surgiu o simpático Zé Gotinha e, pouco a pouco, embebida pela cultura da vacinação, a população brasileira se acostumou às vacinas – Hepatite A e B, Penta (DTP/Hib/Hep B), Pneumocócica 10 valente, VIP (Vacina Inativada Poliomielite), VRH (Vacina Rotavírus Humano), Meningocócica C (conjugada), VOP (Vacina Oral Poliomielite), Febre amarela, Tríplice viral (Sarampo, Rubéola, Caxumba), Tetraviral (Sarampo, Rubéola, Caxumba, Varicela), DTP (tríplice bacteriana), Varicela e HPV quadrivalente (Papilomavírus Humano) – e viu desaparecer a maioria das doenças infectocontagiosas.
O avanço foi interrompido com o golpe de 2016, quando o governo do usurpador Michel Temer desleixou a questão, promovendo a ressurreição de doenças consideradas extintas e recuou, mais ainda, no governo Bolsonaro, que, em notável laivo de ignorância, fez campanha para desestimular o uso de vacinas contra o coronavírus, sugerindo a sua substituição pelos vermífugos Ivermectina e Cloroquina.
Agora, diante da viva possibilidade de o Brasil retornar ao mapa da Poliomielite (como aconteceu com a Fome), o governo federal sucumbiu aos médicos do ministério da Saúde e concordou em levar adiante uma Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação, cuja mobilização vai até o dia 09 de setembro.
Um gesto meritório. Meritório?
De tão absurdo, as pessoas podem resistir a acreditar, mas, nos últimos dias, veio à tona que – tal como vem fazendo com a ajuda eleitoral concedida nestes tempos de pré-eleição presidencial -, Bolsonaro quis se apropriar eleitoralmente da vacinação e, só não o fez, porque o ministro presidente do TSE Alexandre de Moraes percebeu a esperteza e proibiu o ministro da Saúde Marcelo Queiroga de ir à televisão fazer propaganda para o Capetão Bolsonaro, o qual, diga-se de passagem, se pudesse, determinaria o uso da Cloroquina como tratamento profilático da Poliomielite.