Neste últimos dias, a política brasileira vem sendo movimentada por ilações decorrentes do reaparecimento do empresário Tony Garcia, que, depois de depoimentos arrasadores nos tempos áureos da LavaJato, passou longo período desaparecido e, agora, com discurso repaginado, volta aparentemente disposto a desfazer o mal por ele cometido por ocasião do golpe de 2016.
Oriundo da poderosa oligarquia paranaense, o então deputado estadual Tony Garcia cometeu estripulias próprias da sua categoria e, como tantos outros, caiu nas garras do então juiz Sérgio Moro e, devidamente chantageado, passou a cumprir tarefas que, embora qualifiquem as denúncias feitas agora, não o dignificam em nada.
Com efeito, mediante ameaças de detenção e multas pesadas, Sérgio Moro converteu Tony Garcia em seu capacho, exigindo os termos da sua delação premiada, ditando suas palavras nas eventuais entrevistas e usando-o como agente para serviços abjetos, inclusive para inventar denúncias (como fez contra José Dirceu, Dilma Rousseff, Lula e o PT) e servir de informante da LavaJato.
Agora, motivado pelas recentes reviravoltas na 13ª Vara de Curitiba, com a remoção do juiz Eduardo Appio, Tony Garcia resolveu falar.
E é com a experiência de quem cumpriu muitas missões sujas a mando de Sérgio Moro que Tony Garcia escancara a voz para dizer coisas que, se ditas há seis anos, o Brasil não teria passado por aquilo que passou desde 2016.
Os fatos narrados por Tony Garcia são terríveis. Vamos a alguns deles: 1) a conivência de Sérgio Moro com os procuradores do Ministério Público de Curitiba iniciou-se nos anos de 2000, quando passaram a usar a chantagem de acusados e réus como instrumento regular de trabalho, como aconteceu com ele próprio e com o doleiro Alberto Yousseff; 2) antes de se tornar a figura central da Operação LavaJato, Sérgio Moro já exercia o comando de uma ‘organização criminosa’ especializada em tortura psicológica, coação de réus, manipulação de provas e testemunhos, e chantagem a instâncias judiciais superiores, encarregadas da revisão e eventual anulação de suas decisões; 3) graças ao trabalho sujo de Tony Garcia, Sérgio Moro obteve informações comprometedoras sobre desembargadores do TRF4 e do STJ, incluindo da famosa ‘festa da cueca’, ocorrida no Hotel Bourbon, em Curitiba; 4) em 2021, tomado por um laivo de coragem, Tony Garcia denunciou os métodos de Sérgio Moro à juíza Gabriela Hardt, que, como não podia ser diferente, mandou arquivar o depoimento.
Tendo em vista a gravidade das denúncias, o deputado Rogério Correia se apressou em convocar Tony Garcia para prestar esclarecimentos à Câmara e, por sua vez, o ex-senador Roberto Requião propôs a sua convocação pela Comissão Constituição e Justiça criando a oportunidade para sua acareação com Sérgio Moro.
O rol das irregularidades denunciadas por Tony Garcia é enorme e, além de prováveis implicações jurídicas, como diz Joaquim de Carvalho, “representa o enterro moral da breve carreira parlamentar de Moro”.
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