Desde as fases preparatórias do golpe de 2016, como parte da estratégia estimulada por Steve Bannon aos grupos da extrema-direita mundo afora, a sociedade brasileira foi alvo de sucessivas campanhas baseadas em mensagens de ódio com objetivo de estabelecer um regime de polarização.
Na sequência, em fenômeno que foi, ao mesmo tempo, causa e efeito – emergiu o governo de Jair Bolsonaro, que tratou de tracionar o ódio que lhe deu origem para contaminar outros seguimentos da sociedade brasileira.
E, na esteira deste modo de pensar e de agir, surgiu (ou se revelou) um pessoal para o qual tudo se resolve na porrada, [para o qual] bandido bom é bandido morto, [para o qual] direitos humanos e solidariedade social são ‘coisa de comunista’, [para o qual] a ciência tem o propósito de iludir, [para o qual] aquilo que não presta é bom e que cada um que cuide de si.
Enfim, um pessoal crente e praticante de um modo de ser que aproxima a Humanidade da barbárie.
Sem o sucesso desejado, o governo do presidente Lula – cujo slogan é ‘união e reconstrução’ – tem tentado dissolver o ranço apregoado pela extrema-direita e restabelecer um regime no qual as pessoas possam divergir de forma civilizada, sem recorrer à violência como método de negociação.
Este objetivo está longe de ser alcançado, pois, ao tempo que, nos termos do modus vivendi humanista, a Esquerda tem feito a sua parte (para superar a polarização violenta), a Direita insiste em adotar o rancor como comportamento básico.
Nos últimos dias, a cena política do Brasil ofereceu um claro exemplo desta situação.
De fato, contrastando com a postura de ódio oferecida pela bancada bolsonarista na Câmara dos Deputados (no dia 08/04, pouco depois de, em claro estímulo aos seus simpatizantes, o deputado Gilvan da Federal ter dito que desejava a morte do presidente Lula, a Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados aprovou um projeto-de-lei que proíbe a segurança pessoal do presidente Lula e dos ministros portarem armas, expondo-os à violência estimulada por eles mesmos), neste fim-de-semana, o governo de Esquerda no Rio Grande do Norte deu uma demonstração de como deveria ser a convivência política entre adversários (e não inimigos) ao se apressar em dar todo o apoio ao líder extremista Jair Bolsonaro, que padecia um grave problema de saúde.
A lição dada pela Esquerda, no entanto, está além da capacidade de aprendizado da Direita.
Ontem, por exemplo, sem conseguir controlar o impulso de ódio, dois bolsonaristas confirmaram a disposição da Direita de estimular e manter a polarização violenta – talvez imaginando estar diante de uma segurança desarmada (como quer a bancada da bala), um bolsonarista emparelhou seu carro com comboio de Lula, que transitava pela BR-101, em Campos dos Goytacazes, no norte do Rio de Janeiro, e passou a insultá-lo, sendo detido pela Polícia Federal (PF); no Recife, um bolsonarista arremeteu seu carro contra a marcha pacífica em defesa da Reforma Agrária e da Democracia realizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e atropelou dois militantes, deixando um deles em estado gravíssimo.
Um absurdo!
Ao invés do comportamento civilizado dado pela Esquerda diante da doença de Jair Bolsonaro (não há qualquer corrente de orações desejando-lhe mal neste período de convalescência), a Direita deseja a morte e insulta Lula e atropela militantes humanistas.
O comportamento geral da Direita deixa claro que nem ela atribui seriedade ao projeto de anistia proposto por ela proposto.
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