Um passarinho (desses bem faladores) me contou que, interessado em se aproximar dos BRICS, o presidente Daniel Ortega assinou decreto permitindo a construção de bases militares russas e a instalação de mísseis de cruzeiro na Nicarágua.
No fundo, ele [Daniel Ortega] está concedendo à Rússia aquilo que Volodimir Zelenski quis conceder à OTAN.
No caso de Zelenski, após uma série de advertências, em nítida operação defensiva, Vladimir Putin mandou invadir a Ucrânia.
Agora, a pergunta que se faz é ‘como os Estados Unidos vão reagir à decisão de Daniel Ortega’. Vão reeditar a famosa ‘Crise dos mísseis’ de 1962 – na ocasião, como se não tivessem instalado mísseis apontados para Moscou nos territórios da Itália e da Turquia, os Estados Unidos ameaçaram o mundo com uma guerra nuclear porque, em resposta, a União Soviética quis instalar mísseis em Cuba – ou vão rever sua estratégia no Leste Europeu?
Em 1962, em meio ao jogo de cena da US Navy, que cercou Cuba com navios de guerra armados até os dentes, a diplomacia de John Kennedy e de Nikita Khrushchev encontrou uma solução para o conflito e trocou a não-instalação de mísseis soviéticos em Cuba pela retirada dos mísseis norte-americanos plantados na Itália e na Turquia.
Acho que, agora, vai acontecer coisa parecida. Para evitar o desgaste de uma invasão à Nicarágua, de uma guerra direta com a Rússia ou do incômodo de ter mísseis hipersônicos Kinzhal (aparentemente imunes ao Sistema de Defesa Aérea Patriot) apontados em sua direção, os Estados Unidos vão desistir de tentar avançar as linhas da OTAN em direção à Rússia.
Em consequência, muito provavelmente, Volodimir Zelenski vai perder o apoio dos Estados Unidos (e, claro, da OTAN) e, se for minimamente responsável, vai aceitar o acordo de paz proposto por Vladimir Putin.
Acho que foi inspirado na política externa dos Estados Unidos para aquela região que Shakespeare escreveu a peça ‘Muito Barulho por Nada’.
Leia mais em
www.alexandresanttos.com.br
Conheça o Canal Arte Agora
www.youtube.com/c/ArteAgora