A guerra no Leste da Europa trouxe à baila uma série de questões. Entre as [questões] mais comentadas, ganhou destaque o embaraço no comércio mundial de grãos causado pelas dificuldades enfrentadas pelas empresas russas e ucranianas.
De uma hora para outra, autoridades normalmente insensíveis à fome que grassa pelo Planeta passaram a falar de ‘segurança alimentar’. Pode parecer piada, mas até Jair Bolsonaro, responsável pelo retorno do Brasil ao chamado ‘mapa da fome’, falou em segurança alimentar.
Nada mais hipócrita do que este discurso da ‘segurança alimentar’.
Afinal de contas, todos sabem que a questão da fome no mundo (e em qualquer lugar) não decorre da falta de alimentos e, sim da falta de renda dos famintos. Se as pessoas tiverem dinheiro para comprar comida, não lhes faltarão alimentos. Se não tiverem [dinheiro], elas passarão fome.
Simples assim.
Estudos da ONU afirmam que, nos dias de hoje, 828 milhões de pessoas passam fome em todo o Planeta, especialmente na Somália, Afeganistão, Etiópia, Sudão do Sul e Iêmen. Destas, 970 mil correm o risco de morrer por falta de alimentos. Já
Se estão tão preocupadas com a segurança alimentar das pessoas, por que as autoridades mundial não aceitam sequer estudar uma forma de os países ricos bancarem um mecanismo de renda mínima para os pobres de todo o mundo?
Embora de difícil operacionalização, esta seria uma forma segura de erradicação da fome.
Enquanto os países ricos não empreenderem ações concretas para aumentar a renda dos pobres, o discurso da ‘segurança alimentar’ (e muitos outros) será hipócrita e servirá apenas para ‘inglês ver’ e para aumentar a fortuna do agronegócio.