Nas Democracias, a escolha dos governantes é feita através de eleições entre postulantes aos cargos. Os candidatos se inscrevem ao pleito, apresentam suas propostas de governo, o eleitorado se manifesta, vota naquela que melhor atende aos seus anseios e, pronto: o candidato que obtiver maior quantidade de votos é o eleito para cumprir o mandato em disputa.
Um processo aparentemente muito simples.
Antes de ser eleito presidente da república pela primeira vez, por exemplo, Lula foi derrotado três vezes e, nas três oportunidades, cumprimentou o candidato vencedor do pleito e recolheu-se à oposição para se preparar para a próxima eleição.
Neste último dia 30/10, depois de obter menos votos do que o adversário, muitos candidatos ao governo de Estados – Marília Arraes em Pernambuco, Fernando Haddad em São Paulo, Marcelo Freixo no Rio de Janeiro e outros – reconheceram a derrota e parabenizaram o vencedor. Este processo é próprio da Democracia.
Acontece que algumas vezes – normalmente por desonestidade ou por incompatibilidade com a Democracia do perdedor – o candidato com menor número de votos não aceita a derrota, quer ser considerado eleito e, a depender de como proceda, pode comprometer o próprio processo democrático. Infelizmente, nos últimos anos, o Brasil assistiu a dois episódios de insurgência contra o legítimo resultado das urnas.
Em 2014, em comportamento orientado (e pago regiamente) pelo departamento de justiça dos Estados Unidos, o bandido Aécio Neves não aceitou a derrota para Dilma Rousseff, questionou a lisura das urnas eletrônicas, pediu recontagem de votos, fez o ‘escambau’ num processo que, graças à cumplicidade de uma grande legião de lesa-pátrias, redundou no golpe de 2016.
Agora, em comportamento orientado pelos norte-americanos Donald Trump e Steve Bannon, Jair Bolsonaro não aceitou a derrota eleitoral para Lula e, exacerbando o ‘Jus esperneandi’ de direito para todos, vem tentando ‘melar’ a eleição por todos os modos. Há, vale registrar, uma grande diferença nas duas situações, pois, ao contrário de Dilma Rousseff, que lutava contra um ‘mundo de golpistas’, Lula é portador grande prestígio nacional e internacional e, líder de uma ‘frente ampla’, conta com o apoio dos principais seguimentos da Nação.
Embora alguns não liguem, a pecha de ‘golpista’ normalmente associada àqueles que se insurgem contra o resultado das eleições deixa marcas indeléveis e os acompanha por toda a história, cobrando-lhes preciosas prendas ao longo da vida.
De qualquer forma, sabendo que atravessa um período de ataque à Democracia, compete ao Povo brasileiro resistir aos golpistas e exigir a rigorosa punição daqueles que tentam perturbar a paz no País.