Com ar pueril, alguns bolsominions reconhecem a desgraça do governo Bolsonaro, mas ponderam que ‘a justiça e o congresso não deixaram o presidente governar’. Na realidade, os feios e amarras eventualmente colocados pelos poderes judiciário e legislativo no poder executivo impediram que o desastre do governo Bolsonaro fosse maior.
Aliás, se consideráramos os feitos e não-feitos de Jair Bolsonaro, para terem sido justos e corretos mesmo (e se o Brasil contasse com um Procurador Geral de Justiça minimamente sério), o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal teriam cuidado do seu Impeachment ou, mesmo, interdição.
Imagine que agora, no apagar das luzes do seu mandato, em tempo de paz e, pior, na sequência de um brutal corte orçamentário no valor de R$ 5,7 bilhões – que atingiu setores importantes para a dinâmica normal do País, especialmente a Educação -, Jair Bolsonaro autorizou a compra de 98 veículos blindados por um custo de € 900 milhões (quantia equivalente a R$ 5 bilhões) a um consórcio italiano (observe que, em consequência da política de desmonte do Estado, não há mais uma IMBEL aonde o Exército pudesse fazer este tipo de aquisição e, ao mesmo tempo, estimular a indústria nacional).
Pois bem. Ontem, providencialmente, em caráter liminar, o desembargador Wilson Alves de Souza, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), suspendeu a assinatura do contrato do Exército com um consórcio italiano para a compra das viaturas de combate Centauro II.
Se não fosse a ação do Poder Judiciário, Bolsonaro teria somado mais esta tolice ao vasto rol das maluquices que se amontoam na sua administração.