Todos sabem que, por ocasião das safras, o preço dos produtos cai. Neste caso, em linguajar rebuscado, os economistas explicam que a queda dos preços se deu por um aumento da oferta. Assim, um método de baixar e controlar preços é através do aumento da produção (e consequentemente da oferta) dos bens econômicos. É exatamente esta a proposta dos chamados ‘desenvolvimentistas’: controlar a inflação através do aumento da oferta de bens e serviços pelo crescimento econômico – um método que, como vantagem subjacente, cria empregos e renda, gerando bem-estar e felicidade social.
Não é à toa, portanto, que, em princípio, os humanistas de todos os matizes defendem o desenvolvimento como solução.
Embora pareça uma opção óbvia, a solução desenvolvimentista não tem a unanimidade das preferências. Pelo contrário.
Em contraponto ao aumento da oferta, o controle dos preços também pode se dar pela redução do volume das vendas das mercadorias. O raciocínio é simples: diante da possibilidade do encalhe da mercadoria, o comerciante aceita baixar o preço para realizar a venda. Os economistas explicam este método com uso da referência geral de ‘redução da demanda’, situação que pode ser obtida pela redução do volume de dinheiro em circulação – seja pela redução dos salários, pelo aumento do desemprego, pela restrição ao crédito, enfim pelo aumento do sofrimento das pessoas.
Este método (controle dos preços pela redução do volume de dinheiro para os negócios) constitui o sistema monetarista de controle da inflação. Pouco preocupados com o nível de emprego, renda e bem-estar, os economistas de formação liberal recomendam o monetarismo como panaceia para o controle da inflação.
Assim, desenvolvimentistas e monetaristas têm visão completamente diferentes sobre como combater a inflação e, mesmo, sobre o objetivo da economia.
É neste ponto onde começam os questionamentos sobre a eficácia de uma política econômica desenvolvimentista (como a desejada pelo governo Lula) levada adiante em ambiente sujeito a política monetária orientada pelo monetarismo (como a praticada pelo Banco Central de Roberto Campos Neto).
Um cabo de guerra desta natureza não pode dar certo.
Aliás, da forma como foi concebida, a independência do Banco Central significa condicionar a política econômica do governo aos princípios políticos do sistema financeiro.
Nesta perspectiva, mantida a ‘autonomia’ prevista na lei de Paulo Guedes e Bolsonaro, a convivência com o Banco Central só será harmônica se o governo for conservador.
Em outra visada, da forma como está, a tal ‘autonomia’ do Banco Central representa um grave obstáculo ao crescimento econômico e do desenvolvimento social do País.