É um tormento viver sob um governo que parece se divertir em assustar as pessoas. Imagine que até o Dia da Independência, que deveria ser um dia de festa para os brasileiros, foi transformado por Jair Bolsonaro num ‘Dia do possível golpe contra a Democracia’.
Já no ano passado, nas proximidades do Sete de Setembro – em meio a intenso fogo contra as instituições e sabendo que, tirando três ou quatro generais celerados, não contaria com apoio das Forças Armadas para sua arruaça -, ao tempo que transformava as comemorações da Independência em manifestações de apoio a si próprio e disposto a montar o ‘braço armado do golpe’, Bolsonaro quis assumir o comando das polícias militares e determinou ao deputado Major Vitor Hugo a rápida aprovação de uma lei de ‘autonomia das PM’s’, que, na prática, significava tirar o poder dos governadores e passar o comando das tropas estaduais para o governo federal. Graças a Deus, a bancada oposicionista percebeu a manobra e rejeitou a tramitação urgente da matéria, frustrando os planos golpistas.
Este ano não está sento diferente.
Com os ‘agravantes’ de que o Brasil comemora os 200 anos do Grito do Ipiranga e vive as vésperas da eleição presidencial, Bolsonaro está repetindo a receita e, ao tempo que fustiga a Democracia e mobiliza o gado, tenta assumir o comando das polícias militares.
Ontem, tal como aconteceu no ano passado, com o patrocínio da chamada ‘bancada da bala’ – uma frente parlamentar formada por sanguinários, armamentistas, truculentos e nazifascistas – a comissão de segurança pública tentou aprovar o PL 164/2019 proposto pelo deputado armamentista José Nelto (que, sob a desculpa de dar autonomia às PM’s, retira o poder dos governadores sobre elas). Mais uma vez, graças à oposição, o PL 164/2019 foi retirado de pauta, adiando o perigo por mais alguns dias.
De qualquer forma, dando ideia do perigo representado por aquela turma, como sinal do tipo de regime por ela pretendido, a bancada da bala fez avançar projeto de lei concedendo anistia aos policiais assassinos que, no longínquo 02/10/1992 (exatos trinta anos da eleição presidencial), promoveram o Massacre do Carandiru, com a morte de 111 detentos na Casa de Detenção de São Paulo, e condenados em abril de 2013 a 156 anos de prisão. Na realidade, para uma turma que tem no deputado fascista Daniel Silveira uma espécie de ídolo, ao invés de punidos, os assassinos do Carandiru deveriam ser homenageados como o foi o coronel Ubiratan Guimarães, comandante do massacre, que, mesmo condenado a 632 anos de prisão foi eleito deputado estadual por São Paulo e nunca cumpriu a pena.
Não se deve brincar com aquela turma e, muito menos, com Bolsonaro. Todo cuidado é pouco!