Os pueris afirmam que o Liberalismo é o reino da liberdade – uma referência genérica que, de tão superficial, ilude muita gente boa.
Deixando de lado tudo o mais, vamos concentrar estas observações em alguns (só em alguns) dos descompassos encerrados na busca do Estado mínimo defendido pelos liberais – uma tese que, no fundo, significa ‘governo mínimo’ e, em certa medida, se assemelha a anarquia.
Mas, não é bem assim. Os liberais só querem o Estado mínimo nos assuntos que não lhes interessam.
Eles [os liberais] não abrem mão do controle das áreas estratégicas para seus negócios. É assim, por exemplo, no controle da moeda, uma área na qual, sob o falso argumento de minimizar a influência política, [os liberais] decretaram a ‘independência’ do Banco Central, tirando-o do controle do governo para passa-lo para o controle dos banqueiros.
Vale dizer que, embora tenham muita influência na política econômica, os banqueiros não conseguiram a hegemonia na gestão da Economia do País e, por conta disso, a confusão está estabelecida, revelando algumas das fragilidades conceituais do modelo pensado por eles.
Imagine que – ao tempo que, em nome do combate à inflação, o Banco Central vem elevando a taxa Selic (que já está em 13,25%) para reduzir a liquidez do mercado -, com propósitos nitidamente eleitorais, nestes próximos meses, na contramão da elevação dos juros, o governo Bolsonaro vai injetar R$ 41,25 bilhões no mercado.
Com justas razões, um observador estrangeiro diria que, neste (e em muitos) aspecto, o Brasil constitui uma ‘casa da mãe Joana’ regida pelo ‘Samba do crioulo doido’.
Aliás, esta maluquice acontece porque, embora lidere um governo ultraliberal, Bolsonaro não é nada. É apenas um doido que chegou ao cargo máximo da república por conta dos descaminhos surgidos com o golpe de 2016.
O futuro governo tem muita coisa a fazer, inclusive retomar o controle do Banco Central, que não pode continuar sob o controle dos banqueiros.