Ontem foi dia de festa na Palácio do Planalto.
Com um estranho sorriso que lhe rasgava a face de orelha a orelha, Jair Bolsonaro circulava por entre convidados fedorentos, distribuindo rosnares carinhosos e, em reciprocidade, recebendo todo o tipo de carinho subserviente. Ganhando destaque no salão, por entre deputados acusados de corrupção, de assassinato e réus em diversos tipos de crime, estavam parlamentares investigados pelo conselho de ética da Câmara dos Deputados e o miliciano Daniel Silveira, ainda de tornozeleira, mas já indultado (que, como mimo do presidente, ganhou uma cópia do Decreto da Graça devidamente emoldurada).
Bolsonaro estava radiante, pois soubera há instantes que o WhatsApp não fizera qualquer acordo com o TSE. Em seu discurso, depois de fustigar o STF com ameaças militares (chegou a usar um misterioso “NÓS” quando se referiu à um dos pedidos feitos pelas forças armadas à corte suprema), renovando o sinal verde que estimula o uso de Fakenews pelos seus correligionários, o presidente Jair Bolsonaro classificou a ‘mentira’ como ‘opinião’ e, (por nunca ter estudado história) se imaginou uma espécie de Voltaire e reiterou o compromisso do seu governo com a liberdade de opinião. “A liberdade de opinião’ é um Direito que meu governo vai defender até as últimas consequências” disse o presidente com o peito estufado. Uma basófia que passa longe dos problemas imediatos da Nação.
Se, de fato, Bolsonaro lutasse pelo cumprimento dos Direitos consagrados na Constituição, não haveria no País tanta fome, tanto desemprego, tantas famílias desabrigadas, tanta insegurança pelas ruas, tanta miséria e desalento.
Ainda bem que este inferno está no fim.