Muitas atitudes e episódios desmoralizam o discurso no qual os Estados Unidos se autoproclamam exemplos e guardiões da Democracia.
Observe, por exemplo, a obstinação como a Casa Branca se empenha para destruir a vida de Julian Assange, criador do WikiLeaks, cujo único pecado foi escancarar ao mundo algumas das falcatruas e perversidades cometidas pelo Tio Sam.
Para quem não lembra, Julian Assange é o jornalista australiano fundador do site WikiLeaks, conhecido mundialmente por escancarar mal-feitos de governos hipócritas.
Em 2012, ao tempo que, vítima de nítido Lawfare, era acusado pelo grande juri do Distrito Oriental de Virgínia por ‘vários crimes de espionagem e informáticos’, Julian Assange pediu asilo ao presidente Rafael Correa e se refugiou na embaixada do Equador em Londres. Impedido de sair às ruas, Julian Assange permaneceu confinado na embaixada até 2017, quando, cedendo a pressões da Casa Branca, depois de derrubar o presidente do seu país, o usurpador Lenín Moreno retirou a proteção dada pelo Equador e o entregou às autoridades britânicas, a quais o detiveram por uma acusação qualquer (violação das condições estabelecidas na fiança concedida em 2010) até os Estados Unidos formalizarem um pedido de extradição.
Desde então, em outro patamar de desespero, a comunidade internacional trava grande luta para proteger Julian Assange – um homem reconhecidamente inocente – das garras mortais do Departamento de Justiça dos EUA.
Nos dias correntes, além do asilo político no México oferecido pelo presidente López Obrador, a causa de Julian Assange tem recebido muitos apoios importantes, inclusive do presidente Lula – que comunicou seu interesse por uma solução para o caso ao editor-chefe do WikiLeaks Kristinn Hrafnsson – e da Assembleia Internacional dos Povos – que, recentemente, divulgou um manifesto assinado por 76 entidades contra a sua extradição para os EUA.
A manutenção da prisão de Julian Assange pela Polícia Metropolitana de Londres e a insistência obstinada da Casa Branca ‘sequestrar’ e condenar um cidadão australiano inocente apenas para provar o seu poder supremo denunciam a hipocrisia do discurso em defesa da Democracia feito pelos Estados Unidos e seus aliados.