Desde que assumiu a presidência em janeiro de 2019, embora tivesse jurado indisposição para um segundo mandato, Jair Bolsonaro revelou enorme apego ao cargo e passou a hostilizar qualquer nome capaz de representar alternativa para a sua sucessão.
Não foi outro o motivo dos processos de expurgo de Mandetta e de Moro.
Com o passar do tempo, tendo ficado mais claro o seu desapego à Democracia, além de esmagar possíveis concorrentes, Bolsonaro passou a acenar com a possibilidade de ‘soluções’ autoritárias para a sua permanência na presidência da república.
Quando soube que enfrentaria Lula (um adversário formidável, com grandes possibilidades de derrotá-lo), o presidente Jair Bolsonaro passou a dar indicadores de que não aceitaria o resultado das urnas.
Desde então, vem procurando um motivo para questionar a lisura do processo eleitoral e, consequentemente, [um motivo para questionar] o próprio resultado das eleições.
Neste jogo sujo, contando com a orientação de consultores da extrema-direita internacional, como o norte-americano Steve Bannon, Bolsonaro vem recorrendo a grande arsenal de imoralidades e ilegalidades – desde a disseminação de fakenews até a formulação de acusações insustentáveis ao sistema eleitoral brasileiro e a impensáveis conluios dos tribunais superiores com ‘a esquerda’, passando pela criação de aparatos perturbadores com a participação das forças armadas e instrumentos de modulação da opinião pública.
Nos últimos dias, talvez como recurso extremo, o comando da campanha bolsonarista recorreu a uma grande armação baseada na acusação de que, com a cumplicidade do TSE, a propaganda eleitoral de Jair Bolsonaro teria sido subtraída ‘em milhares de inserções’.
Naturalmente, tendo percebido a manobra, o ministro Alexandre de Moraes rechaçou qualquer ação junto ao TSE, pedindo a anexação de provas da grave acusação.
Mas, o interesse da campanha de Bolsonaro não tem propósito Jurídico e, sim político.
Assim, de imediato, a máquina bolsonarista deu repercussão exponencial às ‘denúncias’, exigindo ‘o adiamento das eleições como forma de garantir a lisura do pleito’ e Jair Bolsonaro interrompeu a campanha para cobrar providências ao Supremo Tribunal Federal.
Este caso é tão grosseiro que, fora a gritaria de Bolsonaro e da sua campanha, não deverá ter maiores consequências.
De qualquer forma, dará a Bolsonaro o motivo que ele precisa para não admitir a derrota para Lula, reforçando a importância do pronto reconhecimento internacional do resultado das eleições.
O mal que Bolsonaro faz ao Brasil é maior do que aquilo pensado pela maioria das pessoas.