Começou o período da propaganda eleitoral gratuita – no Nordeste, chamado de ‘Guia eleitoral. O período do qual, orientados por publicitários baseados em pesquisas de opinião pública, pouco preocupados com eventuais casos de propaganda enganosa ou, mesmo, de difusão de Fakenews, os políticos dizem aquilo que os eleitores querem ouvir na esperança de conquistar os seus votos.
A rigor, nas campanhas eleitorais, os publicitários tratam a imagem pública dos candidatos segundo critérios mercadológicos e os ‘vendem’ como se [eles] fossem um produto qualquer (um sabonete, uma pasta de dente, um refrigerante, enfim qualquer coisa).
É um vale tudo no qual, ao tempo que realçam (ou inventam) defeitos nos adversários e escondem os próprios [defeitos], (pouco importando a factibilidade) apresentam promessas à larga.
Neste período, como não há o crime de ‘estelionato eleitoral’ no Brasil, parece não haver compromisso com a verdade.
Tanto assim que, por mais surrealista que possa parecer, ‘cumprir as promessas feitas em 2018’ é uma das promessas eleitorais apresentadas por Jair Bolsonaro agora, em 2022.
Este é um período perigoso. Imagine que, ontem, comentando o primeiro dia da propaganda gratuita, somando a sua voz às mentiras da campanha, o ministro-chefe da Casa Civil Ciro Nogueira afirmou (imagine) que ‘o presidente Bolsonaro não fez propaganda: falou a verdade’.
Na realidade, o programa de Bolsonaro disse apenas aquilo orientado pelos marketeiros. Fez bem. Afinal de contas, se o eleitor brasileiro lembrar a responsabilidade de Bolsonaro sobre as 700 mil mortes pela COVID, os 33 milhões de famintos, os 7 milhões de desabrigados, os 12 milhões de desempregados e tantas outras mazelas, não vai lhe dar um único voto.
De qualquer forma, como não tem qualquer resistência em usar Fakenews e propaganda enganosa ou, ainda, de ser tratado com uma bisnaga de vermífugo, Bolsonaro conta com a capacidade de iludir eleitores dos publicitários que o servem para não ser completamente desmoralizado no pleito de outubro de 2022.