No mundo ocidental, a grande maioria das pessoas se diz cristã. Com maior ou menor intensidade se dizem seguidoras de Jesus Cristo.
Como, então, explicar a enorme quantidade de igrejas (e denominações) cristãs e, sobretudo, a variedade de comportamentos ‘cristãos’ por pessoas que se dizem ‘cristãs’?
Para uns, JC é sinônimo de amor, justiça e bondade. Entre estes, se enquadram as diversas correntes que pedem para os cristãos verem Cristo ‘no outro’ e, em graus variáveis de engajamento, defendem teses como a solidariedade, a comunhão, a bondade e, muitos aceitam a teologia da libertação como caminho da virtude.
Outros (que também se dizem cristãos) seguem cartilhas diferentes e defendem teses como a ‘teologia da prosperidade’ – segundo a qual, a riqueza é sinal da proteção dada por Deus aos ‘merecedores’ e, em contraponto, a pobreza é sinal do castigo aplicado por Deus aos ‘pecadores’.
Para uns, as mulheres devem ser recatadas e submissas, como se reconhecessem a superioridade masculina.
Para outros, as mulheres devem ser ousadas e procurar se embelezar ‘como se quisessem agradar sexualmente a Jesus’.
As diferenças são tão grandes que, enquanto uns cristãos defendem a paz e a tolerância, outros defendem o armamentismo e o confronto.
Uma abordagem superficial diria que não há razão para isto, afinal de contas, com pequenas diferenças, a Bíblia é a mesma para todos – embora reconheçam os mesmos 27 livros do ‘Novo Testamento’, quando tratam o ‘Antigo Testamento’, católicos seguem 46 livros e protestantes seguem 39 [livros].
De qualquer forma, ao observar a miríade de formas de ver JC e, consequentemente, de se comportar à sua imagem, percebemos a importância estratégica exercida por aquele que interpreta e ‘traduz’ a Bíblia para os fiéis, estabelecendo limites para a sua ação.
Vale dizer que, talvez explicando a profusão de interpretações, a Bíblia é composta por livros escritos em épocas distintas (e, portanto, caracterizadas por realidades políticas, econômicas e sociais diferentes), por autores diversos (e, portanto, segundo diferentes modos de interpretar e relatar os acontecimentos e sentimentos).
Embora nos dias correntes, pastores de todas as nuances cristãs a venham interpretando e reinterpretando segundo seus entendimentos e interesses, deve-se ter em mente que, talvez colocando em dúvida o seu caráter divino, a primeira e talvez a maior ‘interpretação’ da Bíblia ocorreu no Concílio de Niceia, em 325 DC, quando um conjunto de homens (iguais a mim e a você) decidiu quais livros fariam parte da Bíblia.
Evidentemente, depois deste ‘pecado original’, qualquer pessoa pode avocar para si a condição de interpretar a Bíblia ao seu bel prazer- possibilidade que, de certa forma, explica os diversos ‘Jesus’ falados por aí.
Da minha parte, embora agnóstico (ou justamente por isso), acho que as coisas de Deus não devem ser tratadas com o desrespeito que se por aí.
Se Deus não fosse tão bondoso e tolerante, todos os farsantes que usam o Seu Santo nome para iludir as pessoas para tirar vantagens pessoais estariam ardendo nas chamas dos infernos (estejam eles onde estiverem).
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