Independentemente das formulações teórica e ideológica que lastreiam o discurso apresentado ao grande público, a verdadeira inspiração do Liberalismo é o Egoísmo, do qual decorrem muitos preconceitos, inclusive e especialmente contra os pobres.
Aliás, azeitado pela ganância, o Liberalismo se ampara numa rígida estrutura que dificulta a mobilidade social. De fato, causa e efeito do Liberalismo, o sentimento de permanente concorrência e de disputa leva pessoas a desenvolverem uma ojeriza e repulsa a qualquer regra de convívio simpática à ascensão social e econômica, penalizando, claro, os mais pobres.
Esta perspectiva explica o comportamento (adotado, inclusive, pelos chamados ‘pobres de direita’) contra as posturas humanistas, se valendo, principalmente, de fakenews para desqualificar medidas capazes de descentralizar rendas e reduzir desníveis e disparidades.
Naturalmente, constituindo exceções que confirmam a regra, aqui e acolá surgem casos de ascensão social e econômica de pobres.
A regra geral no curso do Liberalismo, no entanto, aponta no sentido da progressiva concentração de rendas e consolidação da estratificação social.
Assim, o curso do Liberalismo produz uma sociedade na qual os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres ficam cada vez mais pobres.
Mas, não há mal que sempre dure e, cumprido o inevitável ciclo liberal (que se impõe pela progressiva debilidade dos mercados em função da concentração de renda), emerge um ciclo inversamente recíproco, fruto de políticas progressistas e humanistas.
É o que acontece hoje, no Brasil, onde se verifica uma efetiva preocupação com a elevação da renda da pessoas, naquilo que o próprio Lula se refere como ‘colocar os pobres no orçamento’ – uma prática que produz o fenômeno referido como círculo virtuoso, pois, com a renda elevada, os pobres fazem mais compras, levando o comércio a fazer mais encomendas e, nesta esteira, a indústria a aumentar a produção e, consequentemente, a economia a girar.
Assim, não foi surpresa quando, contrariando as expectativas do FMI e de outras organizações (que esperavam o crescimento do PIB de apenas 0,9%) e contido pelas altas taxas de juros impostas pelo Banco Central dirigido pelo monetarista Roberto Campos Neto, em 2023, no primeiro ano do governo Lula, a economia brasileira se expandiu 2,9%, ampliando a oferta de empregos (entre novembro de 2023 e janeiro de 2024 a taxa de desemprego ficou em 7,6%) e a elevação dos salários.
A melhoria econômica do País advinda da ‘introdução dos pobres no orçamento’ levou o Brasil a recuperar posições no ranking das nações mais ricas, ultrapassando o Canadá e sendo ultrapassado apenas por EUA, China, Alemanha, Japão, Índia, Reino Unido, França e Itália).
Não ocorre, portanto, sem razão a crise de urticária que atormenta as elites conservadoras e reacionárias, que preferem um regime concentrador, pois, nele, embora menos ricas, não têm a vizinhança de pessoas que subiram na vida.
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