Embora não tenha movido uma palha para mudar a imagem de homem afeiçoado à violência e a outras características negativas acumuladas ao longo da vida, nesta reta inicial da campanha eleitoral à presidência da república, Jair Bolsonaro faz grande esforço para se mostrar um líder preocupado com o bem estar e com a situação financeira dos brasileiros.
De fato, através de um conjunto de leis e PECs incompatíveis com a legislação eleitoral, mas aprovadas às pressas pelo Congresso Nacional, o governo Bolsonaro forçou a renúncia fiscal pelos Estados (comprometendo naturalmente a oferta de serviços públicos por eles [pelos Estado]) para reduzir o preço dos combustíveis e, alegando a emergência criada pelo aumento dos derivados de petróleo no mercado internacional (uma ‘emergência’ que Bolsonaro não viu em outras situações, inclusive no retorno no País ao mapa da fome), mediante a pura e simples liberação de dinheiro, pretende aumentar o valor do Bolsa Família (que agora tem outro nome) e de outros auxílios sociais (criados pelo PT) e, ainda, aumentar a renda dos taxistas e caminhoneiros.
Apesar de parecerem boas – no mar de misérias criado pelo próprio Bolsonaro, qualquer ajuda é bem vinda -, estas medidas não têm bons propósitos, pois são movidas apenas pelo mais vil interesse eleitoral, podendo ser classificadas como uma reles tentativa de abuso do poder econômico para compra do voto dos eleitores mais necessitados.
Tanto é assim que além de a validade das medidas [propostas por Bolsonaro] expirar pouco após as eleições, Bolsonaro não se preocupou em revogar o chamado ‘Teto de Gastos’ (que precisou ser violado para a concessão das bondades) e orientou a bancada governista a recusar qualquer emenda no sentido de tornar as medidas perenes.
Vale destacar que, consciente da burla à legislação implícita nas medidas, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União pediu que o governo Bolsonaro fosse alertado sobre a inconstitucionalidade da PEC das bondades.
De qualquer forma, mesmo agindo agora como se fosse um grande benemérito, Bolsonaro não consegue apagar o seu passado de homem ímpio e insensível ao sofrimento das pessoas.
Ontem, em matéria sobre o cunho eleitoral do pacote de bondades, a BBC News Brasil resgatou que, há 22 anos, Bolsonaro foi único deputado a votar contra Fundo de Combate à Pobreza, proposta que propunha transferir renda para os mais pobres.
“Orgulho-me de ter votado contra o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza”, declarou Jair Bolsonaro em entrevista concedida no ano 2000.
Agora, confirmando o caráter mentiroso e hipocrita que anima a sua turma, apostando na memória curta das pessoas, Jair Bolsonaro quer se apresentar ao Brasil como um ‘líder preocupado com o seu povo’.
Só pode ser piada.
Ainda bem que o governo de Jair Bolsonaro está no fim.