Se pode acusar Bolsonaro e sua turma de qualquer coisa, menos de impor um regime de monotonia ao País.
Com efeito, especialmente nestes últimos meses, não se passa um dia sequer sem uma notícia-bomba a estourar nossos ouvidos.
Durante a campanha eleitoral, como de se esperar, o noticiário foi movimentado pelas fakenews bolsonaristas usadas para causar espanto ou, quem sabe, funcionar como ‘fato novo’ capaz de inverter as tendências eleitorais.
Com a eleição, no entanto, era de se esperar a chegada da bonança e que, passado o frisson inicial de montagem do novo governo, as ‘coisas’ voltassem ao normal.
Qual nada.
Com Bolsonaro as ‘coisas’ não funcionam assim.
Para começo de conversa, não reconhecendo mérito às pesquisas de opinião que davam a vitória de Lula como certa, Bolsonaro dizia que ganharia o pleito com 60% dos votos e qualquer resultado diferente indicaria a fraude possibilitada pelas urnas eletrônicas.
Como esperado, Lula venceu as eleições e, ao contrário dos grandes líderes, Bolsonaro jamais admitiu a derrota.
Começou, então, uma sucessão interminável de grandes sobressaltos. Inicialmente, veio o bloqueio das estradas federais. Depois veio a instalação de mega-acampamentos diante de quartéis exigindo a intervenção militar. Então, com o funcionamento da equipe de transição, o País tomou conhecimento do caos Bolsonaro, incluindo os rombos financeiros. Aí, veio a onda terrorista que abalou Brasília no dia da diplomação. Aí, veio o desmantelamento do atentado que pretendia explodir um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília na noite do Natal. Aí veio a deserção e fuga de Bolsonaro para os EUA. E, parecendo que estancaria a peristalse bolsonarista, veio a posse de Lula.
Qual nada.
Seguindo a orientação ou prestando contas a Bolsonaro, então encastelado na Flórida, a turma continuou a jogar rios de adrenalina no País.
Enquanto, aqui ou ali, explodiam torres de transmissão de energia, os bolsonaristas tentaram aplicar um golpe de Estado com a invasão, ocupação, depredação e saque dos edifícios-sede dos poderes da república.
Aí, em reação à tentativa de golpe, o presidente Lula decretou intervenção no DF e, além de destituir momentaneamente o governador Ibaneis Rocha, o poder judiciário determinou a prisão de mais de 500 pessoas, incluindo o comandante da PM de Brasília e o ex-ministro bolsonarista Anderson Torres.
Foi dado um freio de arrumação nas forças armadas com a substituição do comandante-geral do exercito.
Enquanto isso, vinha à tona o Genocídio da população Yanomamis, ganhou destaque uma minuta de decreto golpista descoberta na casa de Anderson Torres, também do conhecimento do presidente do partido de Bolsonaro (PL). Aí veio a eleição da mesa do Senado e a bancada bolsonarista tentou, sem sucesso, emplacar o ex-ministro Rogério Marinho.
Passada a tormenta maior, em meio aos redemoinhos remanescentes das tempestades anteriores, aparece o senador Marcos do Val para confessar que, há meses, sob o testemunho de Jair Bolsonaro, fora instado pelo então deputado Daniel Silveira a tentar fazer uma gravação comprometedora do ministro Alexandre de Moraes para justificar a adoção de medidas golpistas. Coincidência ou não, neste dia, já na condição de ex deputado, o tal Daniel Silveira foi preso no Rio de Janeiro.
Ufa!!!
Com a turma de Bolsonaro ninguém tem um dia de sossego.
Devem estar aprontando alguma coisa por aí…