Esta 4ª feira, 05 de abril de 2023, vai entrar para a história do País como o dia no qual um ex-presidente da república vai depor na Polícia Federal num caso que, sem se enquadrar no terreno lamacento do Lawfare, mistura roubo, contrabando e propina.
Com efeito, às 14h30, Jair Bolsonaro estará na sede da PF em Brasília para depor no inquérito que investiga o contrabando de joias avaliadas em quase R$ 19 milhões dadas pelo governo da Arábia Saudita em troca de desconto na venda da Refinaria Landulpho Alves.
Como ação preventiva das mentiras já esperadas da boca de Bolsonaro e para evitar a combinação do discurso dos meliantes, o depoimento do ex-presidente ocorrerá de forma simultânea ao de outros dez implicados.
Entre os enlameados (em variados graus de sujeira) estão o já famoso ex-ajudante de ordens TC Mauro Cid, o ex ministro de Minas e Energia Almirante Bento Albuquerque, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o 1º sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva, o 2º tenente do Exército Cleiton Henrique Holzschuk, o ex-chefe adjunto de Documentação Histórica do gabinete pessoal do presidente da República Marcelo da Silva Vieira, o chefe de gabinete do ministro de Minas e Energia contra-Almirante José Roberto Bueno Júnior, o tenente da Marinha Marcos André Soeiro, o secretário da Receita Federal Ex-oficial da Marinha Julio Cesar Viera Gomes, o sucessor de Bento Albuquerque no ministério de Minas e Energia Adolfo Sachsida (que liderou a privatização da Eletrobrás), um certo Rodrigo Carlos do Santos, o ex-corregedor da Receita João José Tafner e o advogado Frederick Wassef.
É muito lodo em convivência promíscua de armas e patentes, em surpreendente violação das leis e regulamentos militares.
Para suavizar o semblante mafioso que o caracteriza e usando a técnica de ceder anéis para salvar os dedos, Bolsonaro se livrou de parte da propina e mandou devolver dois estojos repletos de jóias valiosas – relógios, colares, abotoaduras, canetas de ouro cravejas de brilhantes, diamantes, anéis, terços e masbahas.
Aliás, como forma de justificar o empenho demonstrado por Bolsonaro para embolsar os mimos, alguém lembrou que, por ocasião do registro de sua candidatura presidencial, Bolsonaro jurou ser dono de um patrimônio modesto – quatro casas no Rio de Janeiro (R$ 603 mil, R$ 400 mil, R$ 98 mil e R$ 40 mil); um apartamento em Brasília (R$ 240 mil); e uma motocicleta (R$ 26 mil) – cujo valor total sequer alcançava R$ 2.4 milhões, cerca de 13% da propina recebida dos árabes.
Para a Polícia Federal nada garante que, fora os mimos já descobertos, não existam outros tesouros amofumbados na fazenda de Nelson Piquet ou de algum dos receptadores à serviço de Bolsonaro.
E saber que, durante quatro anos, o Brasil esteve nas mãos deste bandido…
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