Nada pior para um homem público, especialmente para os políticos, do que ter a imagem associada a valores repudiados pela sociedade.
Veja, por exemplo, o caso de Daniel Alves, cuja fama como jogador de futebol foi recentemente sufocada pela imagem de estuprador.
No caso dos políticos, esta situação ganha relevo, pois a história é implacável e, diante de certas situações, elege um pecado para eterniza-lo. Nesta perspectiva, Herodes é o rei que, tentando matar o Jesus menino, comandou o assassinato de crianças inocentes; Pilatos é o covarde que, sem querer se expor, deixou de salvar um homem puro da morte; Torquemada é o exemplo da Igreja intransigente, ignorante e cruel; Hitler é o líder insano que comandou o extermínio de milhões de pessoas, submetendo a Humanidade ao risco da barbárie.
São milhares de exemplos nos quais, pouco importando eventuais gestos positivos, a personalidade entra para a História por um mal-feito.
Neste aspecto, vale a máxima ‘aqui se faz, aqui de paga’. Esta é a razão de os políticos terem horror a vinculação do seu nome com ‘coisas erradas’. Pois bem.
Ontem, em reação que bem representa esta situação, Michel Temer deu um escandaloso chilique porque, se atendo a mais pura verdade, durante uma entrevista concedida no Uruguai, Lula referiu-se a ele como ‘golpista’. Ou seja, embora tenha sido um dos principais artífices de golpe de 2016, tendo mobilizado os votos do MDB para destituir Dilma Rousseff (de quem era vice-presidente), Michel Temer rejeita as qualificações de usurpador e de golpista.
O golpista pode até não gostar de ser reconhecido como golpista, mas o fato é que o golpista é golpista. Michel Temer é golpista e pronto!!!