A Palavra tem significado e, para não induzir as pessoas a erros, alguns de muita gravidade, seu uso [o uso da Palavra] não pode exceder a razoabilidade das gírias, das expressões regionais e, claro, da evolução própria das criações humanas.
Usar palavras para iludir as pessoas, levando-as a cometer erros e enganos, não é certo.
Na realidade, é pecado e crime.
Nestes casos, lógico, não se enquadram os ficcionistas, artistas da palavra que pratica a escrita criativa e, muitas vezes, em aviso explícito aos leitores, abrem os textos com o aviso de que ‘esta obra é fruto da imaginação do autor e qualquer semelhança com pessoas e fatos reais não terá passado de mera coincidência’.
Em resumo: se quiser manter-se no campo da seriedade e dá respeitabilidade, as pessoas não podem recorrer às mentiras como modo regular de comunicação sob pena de cair no descrédito e perder a confiança das outras.
É aquilo que acontece com o vendedor, lojas comerciais e agências de publicidade que laçam mão da propaganda enganosa como instrumento de persuasão para impulsionar as vendas – se sentindo ludibriados, o cliente lesado não vai ficar satisfeito em ter sido vítima da propaganda enganosa, claro.
Pois bem.
Como se fossem monarcas e vivessem em uma espécie de Reino da Mentira, as pessoas que animam o governo e a campanha pela reeleição de Jair Bolsonaro fazem o uso regular da mentira, não só para modular a bolha na qual mantém a comunidade crente que os segue (referida popularmente como ‘gado’), mas, também, como elemento de proselitismo político de modo a cooptar adeptos e eleitores.
Aliás, é surpreendente como estas pessoas fazem uso regular da mentira deslavada como elemento de convencimento’. Parece, até que seus pais nunca lhes disserem que ‘mentir é pecado’ ou, pelo menos, que ‘mentir é feio’.
O interessante é que este comportamento, que, naturalmente, começa pelos líderes (veja que, nestes últimos dias, após anunciar a pretensão de intervir no Supremo Tribunal Federal, o presidente Jair Bolsonaro imputou a proposta golpista à imprensa e, seguindo o comportamento geral, já falando como senadora eleita, em comício pró-Bolsonaro, a ex-ministra Damares Alves acusou os políticos de esquerda de praticarem pedofilia, citando o caso, atente, de uma criancinha que teve os dentes arrancados para não ferir homens adultos com que eram forçadas a praticar sexo oral) e atinge os escalões inferiores, compondo uma vasta cadeia na qual a mentira faz parte da regra geral de conduta.
Vale dizer que, para este pessoal, pouco importa se a mentira usada já tenha sido desmoralizada, o que vale é alimentar o clima de propaganda enganosa no qual engana as pessoas.
Assim, mentiras baseadas no ‘fechamento de Igrejas’, ‘mamadeira de piroca’, ‘nudismo e sexo livre nas universidades federais’, ‘prisão de religiosos’, ‘liberação das drogas’, ‘conluio comunista para mudar a bandeira do País’ e tantas outras circulam pelas bocas e teclados dos admiradores de Bolsonaro.
Um absurdo!
Da minha parte, aviso que, embora vá continuar a respeitar e, mesmo gostar dos eventuais amigos que aderiram à estas correntes da mentira, não vou mais acreditar em uma única palavra que disserem.
Uma vez mentiroso, sempre mentiroso!