Está em curso no Qatar a Copa do Mundo. De alguma forma, elevando a sua importância, o próprio nome do torneio indica a participação das melhores seleções de futebol do planeta.
Infelizmente, não é bem assim.
De fato, contrariando o sentimento geral, a política internacional faz prevalecer a intriga e o interesse que as caracterizam e contamina e macula a pureza de universos – como o artístico, o científico, o tecnológico e o esportivo -, que deveriam funcionar como ambientes de superação de diferenças, deixando-os ‘menores’.
No primeiro semestre, por exemplo, em movimento que tenta fazer ressurgir todas as idiotices da guerra fria, por conta da invasão da Ucrânia, os Estados Unidos lideraram uma impiedosa perseguição mundial aos russos, mutilando ambientes que deveriam passar ao largo dos interesses menores da diplomacia barata. Neste embalo (vejam o absurdo), seguindo e dando mau exemplo, a orquestra filarmônica de Munique demitiu o maestro russo Valery Gergiev, apenas por conta da sua nacionalidade.
Esta caçada às bruxas atingiu estudantes, cientistas, atletas, artistas e turistas russos, cujo pecado se referia apenas ao seu país de nascimento.
E, assim, a seleção de futebol da Rússia foi brutalmente excluída da 22ª Copa do Mundo, ironicamente realizada no Qatar, um país reconhecido mundialmente pelo desrespeito a pessoa humana, e que inclui países envolvidos em guerras e violações, como os próprios Estados Unidos e a Arábia Saudita.
Há alguns dias, em exemplo da possibilidade da convivência pacífica de atletas, em jogo da Copa do Mundo assistido por milhões de pessoas por todo o planeta, as seleções dos Estados Unidos e do Irã se enfrentaram sem que a partida terminasse em briga.
Se toda guerra é burra, contaminar a arte, a ciência, a tecnologia e o esporte com seus efeitos não é burrice menor.