A PRESENÇA DE MADURO EM BRASÍLIA EXPÕE O ENTREGUISMO DA EXTREMA-DIREITA E A VIVA POSSIBILIDADE DE LULA LIDERAR O BLOCO DAS NAÇÕES SUL-AMERICANAS.
Além da dificuldade de compreender o mundo e diagnosticar situações, uma característica (permanentemente negada) do pessoal da extrema-direita é um proeminente complexo de capacho, que o faz subserviente por natureza.
Agora, por exemplo, por ocasião da visita de Nicolas Maduro à Brasília para participar da cúpula dos presidentes de Nações da América do Sul, tomados pela urticária, diversos líderes bolsonaristas esbravejaram em súplica para que os Estados Unidos o capturem [capturem Nicolas Maduro] aqui no Brasil.
Os deputados bolsonaristas Julia Zanatta e José Trovão chegaram a oficializar pedido neste sentido junto à embaixadora norte-americana Elizabeth Frawley Bagley.
Para os patriotários, que não conseguem entender conceitos simples como patriotismo e soberania, seria coisa natural os Estados Unidos invadirem o Brasil para prender alguém.
Na realidade, nem a ordem de prisão exarada pelos Estados Unidos contra Maduro tem razão de ser (devendo ser repudiada por todos), nem o Brasil é republiqueta de bananas ou casa-de-mãe-Noca para qualquer um meter a mão.
De qualquer forma, como um pouco de história não faz mal a ninguém, convém relembrar alguns fatos, a começar pela saudosa presença de Hugo Chavez à frente da Venezuela, quando transformou o abundante petróleo da bacia do Orenoco em instrumento de prosperidade nacional, interrompendo o esbulho que, com a cumplicidade criminosa das elites locais, era feito pela companhias petrolíferas multinacionais.
Pronto! Bastou isso para o líder venezuelano ser taxado de tudo o que não presta.
Chavez partiu, sendo sucedido por Nicolas Maduro, que deu continuidade à sua política altiva e, por isso, naturalmente, herdou a antipatia dos seus adversários, passando a ser alvo das mesmas acusações, inclusive por parte do Reino Unido (que, anos antes, na mais eloquente demonstração da índole corsária que anima o governo de Sua Majestade, açambarcou as reservas internacionais bilionárias mantidas pela Venezuela em bancos da City Londrina).
Desde 2013, quando assumiu a presidência da Venezuela, Maduro protagonizou uma agenda que, em parte, explica o sentimento e a rejeição por ele nutrida pelas elites e churebas:
Em 2016, por exemplo, Nicolas Maduro denunciou o golpe contra Dilma Rousseff e não reconheceu o governo do usurpador Michel Temer;
em 2019, no comecinho de sua administração no Brasil, depois de romper as relações com Nicolas Maduro e reconhecer o governo fictício do ‘autoproclamado’ Juan Guaidó, Jair Bolsonaro manifestou interesse de declarar guerra contra a Venezuela e só não o fez porque foi demovido pelos generais do alto comando das forças armadas com o argumento irresistível de que ‘o exército brasileiro não aguentaria um dia de guerra contra a Venezuela’;
em 2020, cumprindo um roteiro surrado já usados com outros desafetos, os EUA acusaram Nicolas Maduro de envolvimento com o narcotráfico e ofereceram uma recompensa de US$ 15 milhões pela sua captura.
No ano passado, no entanto, pressionados pela possibilidade de uma crise mundial no abastecimento de petróleo em função da guerra no Leste Europeu, o governo do Estados Unidos pareceu ter esquecido das acusações contra Nicolas Maduro e tentou uma reaproximação.
De fato, em março de 2022, em reunião no palácio de Miraflores, como se não tivesse acontecido nada, o principal assessor da Casa Branca para a América Latina Juan González e o embaixador James Story propuseram à vice-presidente Delcy Rodríguez acordo para a Venezuela suprir a demanda global de petróleo em função dos bloqueios impostos à Rússia.
O acordo não foi necessário (ainda), mas deixou claro que a birra de Washington com Nicolas Maduro não tem outra razão a não ser cobiça.
Agora – ao tempo que a extrema-direita se perde num emaranhado de inveja, entreguismo e submissão -, demonstrando ao mundo que é imune às futricas do submundo da baixa diplomacia da Casa Branca, Lula recebe Nicolas Maduro com honras de Chefe de Estado, dando mais um passo na constituição da Unasul.
Que venha a Unasul!
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