Sou homem de muitos amigos.
Tenho amigos de todos os tipos: brancos, negros, orientais, índios, misturados, puros, milionários, ricos, pobres, miseráveis, saudáveis, fragilizados, progressistas, conservadores, reacionários, religiosos, espiritualistas, ateus, agnósticos, letrados, analfabetos, cultos, rasteiros, alegres, tristonhos, amigos de todos os tipos.
Tenho, até, amigos bolsonaristas.
Para manter este leque tão vasto, além de cultivar a empatia, é necessário, principalmente, compreender e gostar das pessoas da forma como elas são e não esperar que elas sejam da forma como gostaria que elas fossem.
Isto não significa, claro, abrir mão ou transigir, um milímetro que seja, das próprias convicções.
Esta condição me coloca numa posição extraordinária para observar o conjunto da sociedade e [observar] o efeito provocado pelo transcurso da história nas pessoas.
Sabendo que elas [as pessoas] são como são e não alteram seu jeito de ser para fazer gracinha às outras, verifico que, em contraponto com as [pessoas] volúveis, que mudam de ideia rápida e facilmente – indo de um extremo ao outro em função de modificações na linha editorial dos jornais ou verificação de acontecimentos marcantes -, existem [pessoas] inflexíveis, que, por convicções arraigadas ou pura intransigência, mantém as mesmas posições e opiniões independentemente daquilo que ocorre no mundo circundante.
Aliás, em certo sentido, fico preocupado com a decepção vivida pelos intransigentes quando da eventual descoberta de que por toda a vida fizeram a ‘aposta errada’.
Pois é exatamente isso que vai ocorrer com os bolsonaristas.
Imagino a vergonha que meus amigos bolsonaristas terão daqui a alguns anos, quando olharem para trás e lembrarem de que, um dia, acreditaram em Jair Bolsonaro e o tiveram como herói – logo Bolsonaro, um ser que, conforme atestam as investigações e inquéritos, além da responsabilidade direta pelo genocídio provocado pelo coronavírus, passou a vida mentindo, enganando e fazendo de tudo que não se deve fazer, inclusive sonegar impostos, aplaudir tortura, mentir, praticar zoofilia, corrupção, receptação, contrabando, falsificação de atestado de vacina, tentar golpe de estado, etc.
Será que alguém de sã consciência quer ter este ser tão vil como herói?
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