Chega a dar um certo desânimo falar (mal) do governo Bolsonaro todos os dias. Mas, ao que parece, é o próprio Jair Bolsonaro que deseja isso.
Além de pensar, agir e falar como se quadrúpede fosse (e, me perdoem os quadrúpedes, ele o é), Bolsonaro recrutou aquilo que de pior existe na sociedade brasileira para administrar o seu governo e, como resultado, acontece isso que se vê por aí.
De modo geral, com raríssimas exceções, as pessoas que integram o staff da administração federal são despreparadas para o exercício da função pública. Não me refiro a formação intelectual e, sim à densidade cultural, capacidade cognitiva, princípios morais (capacidade de discernimento entre bem e mal, esse tipo de coisa) e ao conhecimento das expectativas das pessoas em relação aos cargos que ocupam.
É uma tristeza.
Ministro da saúde joga contra a saúde, ministro da educação joga contra a educação, ministro do meio ambiente joga contra o meio ambiente e segue por aí num festival de incompetências e de más intenções, cuja meta parece ser a promoção da ‘malvadeza máxima’ e o prêmio parece ser a conquista de ‘um tostão a mais’ para a próprio bolso ou para a conta de algum amigo do rei.
Uma descrição razoável do governo Bolsonaro seria um bando de baratas tontas, que fazem muito mal aquilo que devem fazer ou, simplesmente, fazem aquilo que não devem fazer. E, para agravar o quadro geral de incompetências, algumas autoridades públicas estão se empenhando no movimento golpista que, impulsionado por todos os tipos de subversões e de subserviências, pretende manter Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto.
Imagine que, ontem, como se o Brasil fosse uma república de bananas e não contasse com aparatos institucionais específicos, em ação nitidamente articulada pelo comando golpista, o delegado de polícia e ministro da justiça Anderson Torres e o general ministro da defesa Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira enviaram correspondência ao Tribunal Superior Eleitoral para informar (veja a petulância) que ‘a Polícia Federal e militares atuarão na fiscalização de urnas eletrônicas’ – um claro desvio de função que, talvez, não fosse proposto se o ministério da Justiça fosse exercido por um Jurista (com J maiúsculo) e o ministério da Defesa fosse exercido por um Diplomata (com D maiúsculo).
Ainda bem que o governo Bolsonaro está no fim.