Em julho de 1975, entre os dias 17 e 18, um temporal deixou 80% da população do Recife e de outos 25 municípios da bacia do rio Capibaribe submersa.
Na catástrofe, morreram 107 pessoas, milhares ficaram desabrigadas, ferrovias foram destruídas, pontes desabaram, casas foram arrastadas. Pois bem.
Em 21 de junho, quando, em meio ao caos e destruição, as águas começam a baixar, numa campanha organizada, agentes da desinformação distribuíram uma grande fakenews: ‘Tapacurá estourou’ – o grito alardeou o hipotético rompimento da barragem de Tapacurá (inaugurada dois anos antes, com capacidade para acumular 94 milhões de metros cúbicos e que, diga-se de passagem, nada sofrera com a enchente), provocando pânico e mais mortes nas pessoas, fisica e psicologicamente, fragilizadas.
Os disseminadores daquela mentira desumana jamais foram descobertos.
Agora, passados quase 50 anos, guardadas as devidas diferenças, a ação de arautos da perversidade volta a tentar se aproveitar da fragilidade emocional de uma população traumatizada para promover o caos no Rio Grande do Sul, que desde 03 de setembro sofre por uma tormenta extra-tropical já responsável pela morte de 46 pessoas e o desabrigo de quase 20 mil.
Com efeito, usando a tribuna programa ‘Oeste Sem Filtro’, o pseudo-jornalista Alexandre Garcia (me referi a ele como ‘pseudo-jornalista’ porque um jornalista de verdade não faz aquilo que ele fez) alardeou que ‘três barragens construídas por governos petistas no Rio Grande do Sul, no rio das Antas, abriram simultânea e intencionalmente as comportas para inundar o estado gaúcho’.
Um disparate tão grave como o ‘Tapacurá estourou’. Desta vez, no entanto, ao contrário da impunidade vivida pelos autores da fakenews no Recife, o mentiroso gaúcho não escapará incólume. Em boa hora, a Advocacia-Geral da União (AGU) determinou a abertura de uma investigação federal para cobrar a responsabilidade do bandido travestido de jornalista. Esta questão é grave sob todos os pontos de vista, inclusive o da respeitabilidade merecida pela imprensa.
Talvez, por impacto de coisas como a fakenews espalhada pelo Alexandre Garcia, em entrevista coletiva concedida no sábado passado (09/09), sem resposta para as críticas recebidas por um resultado adverso do Sport Clube do Recife, o técnico Enderson Moreira se saiu dizendo que a imprensa de ‘adora contar mentiras e inverdades’. Não, senhor Enderson Moreira, a imprensa não ‘adora contar mentiras e inverdades’.
Pelo contrário.
O material de trabalho da imprensa é a verdade e ela repudia aqueles que fazem da mentira o seu instrumento de ação.
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